Dor nas Pernas: 7 Causas e Prevenção

Dor na perna

A dor nas pernas é uma das queixas mais comuns entre os pacientes que procuram um cirurgião vascular. Eu diria que a maior queixa! E existem muitas causas para as dores nas pernas… As causas da dor nas pernas são diversas, e para que o tratamento seja eficaz, é essencial um diagnóstico preciso e uma abordagem personalizada.

Principais Causas da Dor nas Pernas

1. Dor Miofascial (Dor Muscular)

Esta é uma das causas mais frequentes de dor nas pernas. Em algumas pesquisas foi considerada a principal causa (em torno de 70% das vezes). A dor miofascial é originada na musculatura e nas estruturas que envolvem os músculos, como as fáscias. O estresse, o excesso de esforço físico, o aumento de peso e principalmente o sedentarismo podem contribuir para o desenvolvimento dessa dor. A localização mais frequente dessa dor é na parte de dentro da musculatura da panturrilha (batata da perna). Pacientes com essa dor costumam relatar que a dor varia de intensidade entre uma semana e outra. A dor piora com sapato baixo, chinelos, rasteirinhas.

Piora mais a movimentação e ao toque. Sendo muito dolorido em alguns pontos específicos quando se palpa a parte interna das pernas. Acontece dos dois lados e costuma acontecer ao se iniciar a movimentação. Não há um exame específico para se fazer para o diagnóstico sendo o exame físico e a história suficientes. O tratamento é a mudança de hábitos, o uso de calçados corretos, a atividade física de fortalecimento e fisioterapia. Tratamentos como os exercícios de Rolfing, a liberação miofascial, o shiatsu, a acupuntura, o kinesiotapping, punção de Fisher, uso de analgésicos, antiinflamatórios e relaxantes musculares costumam ajudar no tratamento.

2. Insuficiência Venosa Crônica

A insuficiência venosa crônica ocorre quando as veias das pernas não conseguem bombear o sangue de volta para o coração de forma eficiente. Isso é frequentemente causado por varizes ou pela falta de movimento, o que leva à estagnação do sangue nas veias. Outra complicação é quando o paciente teve história de trombose na perna ou quando ele possui dificuldade de mover o tornozelo.

A dor é um sintoma comum desse problema. Ela acontece mais no final do dia em peso, cansaço. Geralmente uma perna tem mais sintomas do que a outra. Muito frequentemente o paciente apresenta inchaço no final do dia da perna acometida. E na área com dor e com mais varizes, é possível perceber que a região está mais quente. Além disso, na parte interna das pernas, próximo ao tornozelo, alguns pacientes podem apresentar escurecimento ou pontos avermelhados (em casos mais graves) Diferentemente da dor miofascial, a dor é insidiosa, ou seja, começa devagar ao longo dos anos e vem piorando lenta e gradualmente.

O diagnóstico é clínico com o exame físico e história clínica. Porém o ultrassom Doppler nos auxilia a identificar e mapear melhor as veias doentes e programar o tratamento.

O tratamento é o uso de meias elásticas e medicações. O tratamento cirúrgico é a cirurgia de varizes com a retirada das veias doentes ou o procedimento com espuma (que geralmente deixamos para casos de pacientes idosos e feridas abertas).

3. Claudicação arterial

A claudicação é a dor que acontece num membro, especialmente ao caminhar e geralmente após um certo esforço mais ou menos de mesma intensidade. Essa dor é limitante e, quando aparece, faz com que a pessoa obrigatoriamente necessite interromper o exercício.

O que causa a dor nas pernas ao caminhar (claudicação) é o entupimento das artérias da perna. Geralmente esse entupimento é causado por placas de gordura chamado de aterosclerose, num contexto da doença chamada: doença arterial obstrutiva periférica (DAP ou DAOP).

A dor nas pernas acontece geralmente após um mesmo esforço. Por exemplo, se o paciente tem dor nas panturrilhas ao caminhar 100 metros, sempre terá essa dor mais ou menos na mesma distância. A dor é de tal intensidade que faz com que o indivíduo interrompa o exercício após o início da dor. Geralmente melhora os sintomas após o repouso.

O diagnóstico é feito com o exame físico. Pacientes com DAP não possuem pulsos nos membros e apresentam sem pelos e com palidez. O exame diagnóstico utilizado é o cálculo do índice tornozelo-braço (ITB), ultrassom Doppler, Arteriografia, angiotomografia e angioressonância. O tratamento geralmente é clínico com uso de medicamentos e exercícios. Nos casos de falha, dor em repouso ou feridas, indicamos a revascularização endovascular e aberta. Veja mais na postagem AQUI.

4. Fasceíte Plantar

Trata-se de uma inflamação na fáscia plantar, uma faixa de tecido que se estende desde o calcanhar até os dedos do pé. A dor é intensa principalmente pela manhã, ao dar os primeiros passos após acordar, mas pode piorar ao longo do dia. A dor na perna acontece por irradiação sendo a dor no pé mais intensa.

O diagnóstico é clínico mas o uso de ultrassom e ressonância nos auxilia na confirmação do diagnóstico. O tratamento se dá pelo uso de sapatos corretos e fisioterapia. Também usamos antiinflamatórios e procedimentos locais.

5. Metatarsalgia

A metatarsalgia é uma condição dolorosa que afeta a região da planta do pé, especialmente na base dos dedos. Ela pode ser causada por sobrecarga no uso de calçados inadequados, alterações posturais ou até mesmo pela obesidade. Assim como na fasceite plantar pode ter dor nas pernas como dor irradiada.

O diagnóstico fazemos geralmente com ultrassom e ressonância magnética. O tratamento é através de fisioterapia, calçados adequados e de analgésicos.

6. Lombociatalgia

A lombociatalgia é a dor que se irradia da região lombar (parte inferior das costas) para as pernas. Ela é causada pela compressão do nervo ciático, o maior nervo do corpo, o que gera uma dor aguda ou queimação nas pernas. Em determinadas compressões como em L5-S1, os pacientes podem relatar dor em face lateral de coxa e perna com irradiação para o pé. Essas dores são relacionadas a posição e movimento e pioram ao se esticar as pernas. São dores que podem ser nas duas pernas mas geralmente uma com acometimento mais intenso. Não há inchaço e não há piora no fim do dia.

O diagnóstico pode ser feito com um exame chamado eletroneuromiografia e com exames de imagem como a ressonância magnética – O tratamento é feito com bolsa quente, uso de antiinflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares. A cirurgia é indicada em casos que não melhoram com o tratamento clínico e em situações com alterações da movimentação.

7. Tendinite

A tendinite nas pernas ocorre quando um ou mais tendões sofrem inflamação devido ao uso excessivo ou movimentos repetitivos. Atividades físicas intensas, especialmente sem o devido alongamento e aquecimento, podem desencadear essa condição.

Diagnóstico e Avaliação

É fundamental que o paciente busque a orientação de um especialista para um diagnóstico preciso. Muitas vezes, as causas da dor nas pernas são multifatoriais, ou seja, podem estar associadas a mais de um problema. Por exemplo, um paciente pode ter dor muscular e ao mesmo tempo apresentar sinais de insuficiência venosa crônica. A análise cuidadosa do tipo de dor é essencial, e a realização de exames como o US Doppler (ultrassonografia com Doppler) pode ajudar a identificar alterações circulatórias nas veias e artérias das pernas.

Orientações Gerais para Prevenção e Tratamento

Embora as causas da dor nas pernas sejam variadas, algumas orientações gerais podem ajudar a prevenir ou aliviar os sintomas. É importante lembrar que a dor nas pernas muitas vezes está diretamente associada ao estilo de vida, portanto, a mudança de hábitos pode ser a chave para a melhoria.

Prática Regular de Atividade Física

A atividade física, tanto aeróbica (como caminhada, corrida, natação) quanto anaeróbica (musculação), é fundamental para manter a saúde muscular e circulatória. A prática regular de exercícios ajuda a melhorar a circulação sanguínea, fortalecer os músculos e prevenir o sedentarismo, um dos principais fatores de risco para a dor nas pernas.

Escolha de Calçados Adequados

O uso de sapatos inadequados é uma das principais causas de dor nas pernas. Sapatos com saltos altos e finos, ou sapatilhas e rasteirinhas, que não oferecem suporte adequado, podem agravar problemas musculares e circulatórios. O ideal é optar por calçados confortáveis, com saltos baixos e que ofereçam bom apoio aos pés.

Atenção à Postura no Trabalho

Quem passa longas horas em pé ou sentado deve tomar alguns cuidados com a postura. No caso de quem fica muito tempo em pé, o uso de meias elásticas pode ajudar a melhorar a circulação sanguínea. Para quem passa o dia sentado, é recomendável intercalar períodos em que se possa caminhar um pouco ou se levantar para alongar as pernas.

Controle do Peso

O excesso de peso coloca uma pressão adicional sobre as pernas, especialmente sobre as veias e articulações. Manter um peso saudável é essencial para prevenir problemas circulatórios, dores musculares e outras complicações.

Uso de Meia Elástica

Quando o trabalho exige que a pessoa fique muito tempo em pé, o uso de meias elásticas pode ser uma solução eficaz. Essas meias ajudam a melhorar a circulação sanguínea nas pernas, evitando o inchaço e a dor.

Mudança de Hábitos de Vida

Além das medidas físicas, mudanças nos hábitos de vida, como evitar o sedentarismo e praticar alongamentos regulares, podem fazer uma grande diferença na saúde das pernas. Lembre-se de que a dor nas pernas pode ser um reflexo do seu estilo de vida, e prevenir o problema é muito mais eficaz do que tratá-lo depois que ele se instala.

Conclusão

A dor nas pernas é uma queixa comum que pode ser causada por diversas condições, desde problemas musculares até questões circulatórias. Muitas vezes, as causas se sobrepõem, o que torna o diagnóstico um desafio. Por isso, é fundamental que o paciente procure um profissional especializado para uma avaliação detalhada e para o desenvolvimento de um plano de tratamento personalizado. Além disso, a prevenção da dor nas pernas passa por mudanças simples, mas eficazes, no estilo de vida, como a prática regular de exercícios, o uso de calçados adequados e a manutenção de uma boa postura no trabalho. Essas medidas, quando adotadas de forma contínua, podem não apenas aliviar as dores, mas também evitar que elas retornem.

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