Uso da Fluorescência com Indocianina verde no Linfedema

indocianina verde

Uso da fluorescência com indocianina verde – contexto – O linfedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido rico em proteínas no interstício, decorrente da falência do sistema linfático. O manejo dessa doença exige uma abordagem multidisciplinar, e o uso de tecnologias modernas tem desempenhado um papel fundamental no aprimoramento do diagnóstico, na orientação cirúrgica e no monitoramento da evolução clínica. Entre essas tecnologias, destaca-se a linfografia por fluorescência com indocianina verde (ICG), uma técnica minimamente invasiva, segura e eficaz.

1. Princípios da Linfografia com Indocianina Verde

indocianina verde é um corante fluorescente solúvel em água que, ao ser injetado intradermicamente (subcutâneo), é rapidamente absorvido pelos capilares linfáticos. Quando exposta à luz infravermelha próxima (near-infrared, NIR), a ICG emite fluorescência que pode ser captada por câmeras especiais, permitindo a visualização em tempo real do trajeto da linfa. Na clínica Vascularline temos o SPY PHI da Stryker.

2. Aplicações no Diagnóstico do Linfedema

A linfografia com ICG revolucionou o diagnóstico do linfedema por oferecer imagens dinâmicas e detalhadas do fluxo linfático superficial, identificando padrões anormais como:

  • Estase linfática;
  • Refluxo;
  • Padrões de dermal backflow;
  • Linfáticos dilatados ou interrompidos.

Esse exame permite a classificação do linfedema em estágios funcionais, o que orienta o tratamento mais adequado. É especialmente útil para diagnosticar precocemente a doença, antes que ocorram alterações estruturais irreversíveis nos tecidos. Consideramos essas alterações estruturais a liposubstituição e a fibrose do tecido subcutâneo.

Veja na imagem abaixo, a classificação do linfedema pela fluorescência.

3. Na identificação dos casos mais adequados para a cirurgia fisiológica do linfedema.

O exame de ICG, quando realizado previamente ao procedimento, nos ajuda a definir se o paciente tem vasos linfáticos adequados para a realização da anastomose linfático-venosa (LVA). 

Vasos lineares na fluorescência, sugere vasos possivelmente saudáveis e anastomoses possivelmente funcionantes. Isso nos ajuda a programar o procedimento e também a ter uma idéia mais próxima do que esperar de melhora clínica após a cirurgia.

Anastomose linfaticovenosa terminolateral para linfedema - supermicrocirurgia

4. Uso Intraoperatório e na Cirurgia Supermicroscópica

Durante procedimentos cirúrgicos, como as anastomoses linfático-venosas (LVA) e os transplantes de linfonodos vascularizados (VLNT), a fluorescência com ICG oferece uma orientação visual precisa. Isso permite ao cirurgião:

  • Identificar vasos linfáticos funcionais com maior precisão;
  • Verificar a perviedade das anastomoses durante a cirurgia;
  • Aumentar a taxa de sucesso e reduzir complicações.

A técnica é particularmente vantajosa em cirurgias supermicroscópicas, nas quais os vasos linfáticos de pequeno calibre (menores que 0,8 mm) são conectados a veias superficiais sob magnificação intensa. Nesse caso, saber onde está o linfático com rapidez e acurácia é muito importante. Abaixo um exemplo de vaso linfático sendo encontrado com a técnica de ICG com o aparelho da Stryker.

imagem de vaso linfático sob fluorescência com Indocianina verde durante a realização da anastomose linfático-venosa

5. Monitoramento e Seguimento dos Pacientes

A linfografia com ICG é amplamente utilizada no seguimento clínico dos pacientes pós-operatórios. Ela permite:

  • Avaliação da funcionalidade das anastomoses linfático-venosas;
  • Monitoramento da progressão ou regressão do linfedema;
  • Detecção precoce de falhas terapêuticas;
  • Planejamento de intervenções adicionais, se necessário.

Por ser uma técnica repetível, segura e sem radiação, é ideal para o acompanhamento longitudinal do paciente.

6. Vantagens e Limitações

Vantagens:

  • Visualização em tempo real;
  • Alta resolução para estruturas superficiais;
  • Procedimento minimamente invasivo;
  • Ausência de radiação ionizante;
  • Baixo risco de reações adversas à ICG.

Limitações:

Avalia apenas o sistema linfático superficial (até ~1-2 cm da pele);

Necessidade de equipamento especializado e equipe treinada;

Contraindicação relativa em pacientes alérgicos à iodina (a ICG contém iodo – 4%).

Conclusão

A fluorescência com indocianina verde é uma ferramenta valiosa, fundamental e em ascensão no manejo do linfedema. Sua aplicação no diagnóstico, na cirurgia e no seguimento clínico oferece benefícios significativos tanto para o paciente quanto para a equipe médica. Ao proporcionar imagens funcionais e dinâmicas do sistema linfático, a ICG permite intervenções mais precisas e eficazes, promovendo melhores desfechos clínicos e qualidade de vida aos pacientes acometidos por essa condição crônica.

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